sábado, 16 de outubro de 2010

Ao Professor


Ontem foi o Dia do Professor, data comemorada pela primeira vez em 1947, de lá pra cá muitas águas rolaram, o mundo tem uma celeridade tão profunda que não somos mais capazes de estabelecer marcos de transição, tudo acontece ao mesmo tempo, quando percebemos já estamos no futuro e aquilo que parecia ser impossível é realidade. Vamos tentar parar um pouco e pensar, quem em sã consciência poderia imaginar em sai pelas ruas falando num telefone, e quando isso iniciou a tecnologia era cara,  as primeiras pessoas que foram vistas conversando através do celular em ônibus, eram borsais, hoje isso é natural crianças na mais tenra idade possuem um. Aparelhos que são máquinas fotográficas, filmadoras, gravadores e acessam a internet... e por falar em internet, você já parou pra se perguntar onde fica a memória dessa tecnologia? No seu computador, no meu ou nos computadores do mundo? Não em nenhum desses, mas também, em todos. Está na rede e em cada construção e descontrução, significação e ressignificação está a figura de um profissional que contribui para esse futuro,  ele que é a internet humana, o professor,  ele costura os saberes, recepciona e difunde, nesta grande complexidade da vida. O interessante é que não sou eu quem diz, todos  são unanimes em reconhecer a importância do professor na construção social.  
Entretanto, há um paradoxo gritante, historicamente a classe nunca foi valorizada do Brasil Império ao Brasil república pelos nossos dirigentes, mas pela sociedade houve um tempo em o professor era uma autoridade, respeitado como o prefeito e o padre da comunidade. Hoje pais, alunos e a sociedade olham para nós e nos rotulam de “professorzinho”. Como esta fosse a última das profissões.  
Portanto, meus amigos, penso que o descaso dos nossos dirigentes contaminou nossa sociedade. Enquanto presidente, governador, prefeito, ministro e secretario de educação perceber que o tema é muito mais do que ótimo para ganhar eleição, mas que acima de tudo deve ser levado a sério em respeito à sociedade, teremos um novo perfil de escola pública. Por hora temos uma pasta institucional que serve de cabide de emprego pra amigos que não têm nenhum conhecimento em educação, portanto sem políticas administrativas-pedagógicas.  Nesse jogo de relação de força, há bônus e ônus, e  o ônus fica para o professor. Mas,  sei  o que somos capazes de fazer para erguer esta nação da melhor forma possível, mesmo sem a mínima condição pedagógica, afinal temos a certeza de que trabalhos com dezenas de crianças, e  na mesma hora, em processo de desenvolvimento cognitivo, físico e afetivos com sentimentos, valores e sonhos .
É por isso que hoje companheiro lhe cumprimento homenageando-o com essa poesia de Fernando Pessoa:

Navegar é Preciso
Navegadores antigos tinham uma frase gloriosa:
"Navegar é preciso; viver não é preciso".
Quero para mim o espírito [d]esta frase,
transformada a forma para a casar como eu sou:
Viver não é necessário; o que é necessário é criar.
Não conto gozar a minha vida;
 nem em gozá-la penso.
Só quero torná-la grande,
ainda que para isso tenha de ser o meu corpo
e a (minha alma) a lenha desse fogo.
Só quero torná-la de toda a humanidade;
ainda que para isso tenha de a perder como minha.
Cada vez mais assim penso.
Cada vez mais ponho da essência anímica do meu sangue
o propósito impessoal de engrandecer a pátria e contribuir
para a evolução da humanidade.
É a forma que em mim tomou o misticismo da nossa Raça.

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