segunda-feira, 31 de maio de 2010

Divino Espírito Santo: a festa







Mais um ano da festa do Divino Espírito Santo de Urucará, consagrada como a maior manifestação de fé da cidade. Ela que tem três grandes momentos ao longo dos dez dias: o círio fluvial com dezenas de embarcações e pagadores de promessas; no último dia, às 12h, os fogos de artifício soltado por devotos de toda a cidade ao tempo em que as pessoas que fazem a ornamentação param de trabalhar para louvar o Divino subindo ao palco central da praça, eles transformam-se num maravilhoso coral, cantando agradecem, relatam conquistas e curas, solicitam bênção para família, amigos e visitantes, um momento mágico; e por último o momento mais esperado que é a procissão seguida da missa, neste momento de fé é comum as pessoas distribuírem suvinis, imagens, santinhos, velas, fitas...tudo que possa manifestar agradecimento por graça alcançada.


A festa, que é sacra até as 22h e a partir daí o palco cede espaços pra bandas musicais local e de Manaus, fez várias pessoas mobilizarem-se de Manaus e cidades adjacentes em viagens rotineiras, excursões exclusivas ou carros particulares rumo a Urucará. Muitos filhos de Urucará que moram em Manaus partiram pra festa.

A festa como todo acontecimento de cidade pequena é muito pautada pela política, o prefeito contrata somente grupos que tenham afinidade com sua administração, etc,etc,etc... Mas este ano teve um fato curioso nos primeiros dia da festa, a ex-primeira dama, através do Deputado Estadual Sabá Reis, levou uma atração nacional, falou com a igreja, mas não conseguiu a praça pra ele cantar, pois a administração da Paróquia tinha horário pra terminar seu ritual sagrado, em seguida o palco ficava sob a responsabilidade da Prefeitura que não cedeu o espaço . Então resolveu solicitar o Clube Municipal, a quadra poliesportiva Gonzagão, que lógico não foram cedidos, e a quadra de uma Escola Estadual, mas talvez pelo fato da Direção pertencer ao grupo do prefeito também respondeu com não a solicitação. Conclusão Giliard em Urucará, mas sem ter onde cantar, mas a Cristina, Tina, não se deu por vencida, resolveu montar um palco na sua casa, os urucaraenses ocuparam todas as mesas disponíveis para assistir a atração nacional deixando a praça da cidade. Assim, dançaram e cantaram ao som de Giliard, que muito educadamente, não comentou o caso e se dispôs a voltar a urucará.

Estou relatando o fato, só pra vocês terem ideia do que é a política numa cidade pequena, nem o Santo é poupado, mas tirando esse acontecimento do primeiro dia da festa o resto rolou na mais pura paz, com muita música, incluindo aí o imperador David Assayag que para deleite da nação vermelha e branca cantou muita toada do Garantido. Não houve acidentes, as pessoas foram e voltaram tranquilas e abençoadas pelo Divino às suas casas.

Quem foi pela primeira vez achou a festa linda e declararam que o Divino Espírito Santo conseguiu tocar seus corações.

Quero socializar com vocês o Hino do Divino Espírito Santo de Urucará, mas no momento não tenho a letra, alguns contribuintes do Blog ficaram de encaminhar para mim , tão logo eu tenha acesso publicarei para que vocês percebam como é linda e forte.

sexta-feira, 28 de maio de 2010

CONVITE MPA

Para quem gosta de boa música, aí vai uma dica:


sexta-feira, 21 de maio de 2010

FESTA DIVINO ESPÍRITO SANTO EM URUCARÁ

Iniciou sexta-feira, 15.05.2010, a festa religiosa mais importante de Urucará, a do Divino Espírito Santo. E com ela retomo a história de minha cidade.

O Divino Espírito Santo era homenageado numa pequena comunidade do Rio Jatapu. Porém, em uma de suas comemorações uma tragédia abateu-se sobre o povoado. Três forasteiros cofiando em suas armas, poder e prestígio junto às autoridades, invadiram a casa de uma humilde família levando suas filhas para a festa. Pai e irmãos das moças, seguindo o rígido costume das famílias tradicionais, lavaram a honra com o sangue. O acidente foi considerado bárbaro. A tristeza abateu-se sobre o povoado, a festa do Divino Espírito Santo do Império do Jatapu perdeu o encanto diminuindo o número de romeiros. O padre Joaquim Pereira, em 1914 ou 1915, solicitou a imagem do Espírito Santo para a Igreja de Nossa Senhora Sant’Ana em Urucará, ficando aos cuidados de Manoel Olímpio Libório.

Os devotos passaram a festejar o Santíssimo no período de 27 de julho a 05 de agosto. Anos depois com o Padre Alcides Peixoto, esse evento passou a ser realizado de 05 a 15 de dezembro. Iniciando sempre com um círio fluvial. O Santíssimo era ornamentado com fitas coloridas e flores, saindo do Sítio do Senhor Rodolfo Libório, a Formosa, chegava ao porto de Urucará, onde os devotos O esperavam e de lá seguiam em procissão pelas ruas da cidade até chegar a única Igreja, a de Sant’Ana.

Sob a direção dos padres canadenses, Padre Jorge e Miguel a Paróquia de Urucará decidiu que a festa tinha que adequar-se ao calendário oficial da Igreja Católica, ou seja, passou a ser comemorado na Pentecostes. Seus devotos foram aumentando. Mas, talvez o fato que a fez se tornar a festa mais importante, superando à de Sant’Ana, padroeira da cidade, no mês de julho, possa ter sido um depoimento de fé, de um dos seus devotos mais respeitados e creditado em Urucará, o Seu Vadico. Ele que viajou pra Manaus muito doente, fez as cirurgias necessárias e voltou pra cidade, desacreditado pela medicina. Estava tão fraco que seus familiares o conduziram do porto da cidade até sua casa na mesma rede que vinha deitada no barco. De acordo com o laudo médico teria somente três meses de vida, entretanto com ervas e muita fé sobreviveu e viveu por mais vinte anos. Sua devoção, seu depoimento de Fé no Divino e suas ações de benzedor, massagista, curandeiro e conselheiro fortaleceram o Santíssimo de Urucará. Pessoas de várias partes do Amazonas e do Brasil passaram a creditar milagres ao Divino Espírito Santo de Urucará. Seu Vadico partiu para outra dimensão, mas deixou vários depoimentos de graça alcançadas por ele e por pessoas enfermas que foram ter com ele.
A festa inicia tradicionalmente com o círio fluvial, que de um barco passou pra dezenas deles. Durante os dez dias de festa,acontece missa diária seguida de bingo e leilão. Há bem pouco tempo, a festa profana era realizada em clubes da cidade, hoje o palco, que fica na frente da igreja, e sagrado até as 10h da noite em seguida as bandas musicais tomam de conta do espaço fazendo o povo dançar até amanhecer o dia.

Todos os fieis residente de Urucará , das cidades vizinhas, urucarenses que moram em Manaus tem promessas a cumprir com o Divino. A tradição prevalece com a oferta de milhares de lembrancinhas com a pomba do Divino, santinhos, velas e fitas no tamanho natural do agraciado, gado, galinha, suínos, peixe, farinha, bolos e outros mais variados produtos são oferecidos ao Santo todos os anos. Fazendo essa festa uma das mais fervorosa e bonita do Amazonas.

Referencial : Eustachio Libório da Cunha