O Divino Espírito Santo era homenageado numa pequena comunidade do Rio Jatapu. Porém, em uma de suas comemorações uma tragédia abateu-se sobre o povoado. Três forasteiros cofiando em suas armas, poder e prestígio junto às autoridades, invadiram a casa de uma humilde família levando suas filhas para a festa. Pai e irmãos das moças, seguindo o rígido costume das famílias tradicionais, lavaram a honra com o sangue. O acidente foi considerado bárbaro. A tristeza abateu-se sobre o povoado, a festa do Divino Espírito Santo do Império do Jatapu perdeu o encanto diminuindo o número de romeiros. O padre Joaquim Pereira, em 1914 ou 1915, solicitou a imagem do Espírito Santo para a Igreja de Nossa Senhora Sant’Ana em Urucará, ficando aos cuidados de Manoel Olímpio Libório.
Os devotos passaram a festejar o Santíssimo no período de 27 de julho a 05 de agosto. Anos depois com o Padre Alcides Peixoto, esse evento passou a ser realizado de 05 a 15 de dezembro. Iniciando sempre com um círio fluvial. O Santíssimo era ornamentado com fitas coloridas e flores, saindo do Sítio do Senhor Rodolfo Libório, a Formosa, chegava ao porto de Urucará, onde os devotos O esperavam e de lá seguiam em procissão pelas ruas da cidade até chegar a única Igreja, a de Sant’Ana.
Sob a direção dos padres canadenses, Padre Jorge e Miguel a Paróquia de Urucará decidiu que a festa tinha que adequar-se ao calendário oficial da Igreja Católica, ou seja, passou a ser comemorado na Pentecostes. Seus devotos foram aumentando. Mas, talvez o fato que a fez se tornar a festa mais importante, superando à de Sant’Ana, padroeira da cidade, no mês de julho, possa ter sido um depoimento de fé, de um dos seus devotos mais respeitados e creditado em Urucará, o Seu Vadico. Ele que viajou pra Manaus muito doente, fez as cirurgias necessárias e voltou pra cidade, desacreditado pela medicina. Estava tão fraco que seus familiares o conduziram do porto da cidade até sua casa na mesma rede que vinha deitada no barco. De acordo com o laudo médico teria somente três meses de vida, entretanto com ervas e muita fé sobreviveu e viveu por mais vinte anos. Sua devoção, seu depoimento de Fé no Divino e suas ações de benzedor, massagista, curandeiro e conselheiro fortaleceram o Santíssimo de Urucará. Pessoas de várias partes do Amazonas e do Brasil passaram a creditar milagres ao Divino Espírito Santo de Urucará. Seu Vadico partiu para outra dimensão, mas deixou vários depoimentos de graça alcançadas por ele e por pessoas enfermas que foram ter com ele.
A festa inicia tradicionalmente com o círio fluvial, que de um barco passou pra dezenas deles. Durante os dez dias de festa,acontece missa diária seguida de bingo e leilão. Há bem pouco tempo, a festa profana era realizada em clubes da cidade, hoje o palco, que fica na frente da igreja, e sagrado até as 10h da noite em seguida as bandas musicais tomam de conta do espaço fazendo o povo dançar até amanhecer o dia.
Todos os fieis residente de Urucará , das cidades vizinhas, urucarenses que moram em Manaus tem promessas a cumprir com o Divino. A tradição prevalece com a oferta de milhares de lembrancinhas com a pomba do Divino, santinhos, velas e fitas no tamanho natural do agraciado, gado, galinha, suínos, peixe, farinha, bolos e outros mais variados produtos são oferecidos ao Santo todos os anos. Fazendo essa festa uma das mais fervorosa e bonita do Amazonas.
Referencial : Eustachio Libório da Cunha
Nenhum comentário:
Postar um comentário