Minha relação com o Boi Bumbá Garantido é antiga, em Urucará havia um Boi Garantido, do seu Milton, todo ano ele colocava o boi para dançar nas ruas. Mas lembro-me também, dos barcos que vinham de Parintins e paravam no porto de Urucará, as pessoas vestidas com as cores do seu boi comentavam a festa maravilhosa de Parintins.
Quando vim para Manaus esqueci da festa, até um dia conhecer uma turma que gostava da festa dos bois. Fui a Parintins com essa galera em sua maioria Caprichoso, foi uma farra no barco, não havia bar, mas a turma que ia todo ano já ia preparada com uísque, vinho, rum, Martine e outros líquidos que passarinho não bebe. Foi muito legal, entretanto o dono barco não gostou muito e queria deixar a galera em Itacoatira, desligou o gravador que ia tocando, em fita cassete as músicas do Contrario, isso era artigo de luxo na época, pois só tinha essas fitas quem colocava o gravador próprio no tablado do bumbódrom para gravar as toadas, os bois não tinham o hábito de gravar suas músicas. As fitas oficiais dos bois só surgiram em 90. Eu tinha um amigo em Parintins assim que saia ele comprava e mandava pra mim.
Ao chegar a Parintins fui ao Chapão com a turma, eles faziam a festa, dançavam em cima das mesas, faziam performances e bichices, conheciam todos da cidade.
A noite participei do I Baile dos Visitantes, no Club Ilha Verde, ao som do meu primo DJ Aroldo Cunha. A festa foi um sucesso e passou a fazer parte da agenda dos brincantes de boi. Nem pensar em perder essa festa. No primeiro ano da Coca-Cola os famosos fizeram parte dessa festa, os camarote do Ilha Verde eram deles, eles circulavam entre nós. Hoje a festa dos visitantes é na Praça dos Bois. Saiu do Club, mas ficou com o mesmo nome e os famosos, é claro, têm a sua própria festa.
Conheci o Bumbódromo, ele era de madeira. As cadeiras especiais eram carteiras escolares. As tribos tinham a mesmo dança, pois a pisada no tablado de madeira poderia prejudicar o ritmo da batucada. Essa sofisticação de passos é coisa de agora.
Gente, mas eu pirei foi quando ouvi as primeiras batidas da batucada, a partir da tradicional contagem. E o Paulinho Farias? Era uma festa, uma emoção sem igual. O Emerson Maia era quem ajudava o Paulinho Farias a cantar as toadas. Em uma das noite, como não havia retorno de som, o Emerson que tava sentado em cima da cerca, meio que pelo de fora do Bumbódromo, abandonou o posto puto da vida. Ele cantava uma toada e o Pulinho outra, várias vezes aconteceu essa situação.Até Ele jogar o microfone fora, desceu do seu posto e foi tomar cerveja conosco que dançava-mos lá por baixo. Foi um barato ter o conhecido. E o legal de tudo era o arrastão, quando o Garantido se preparava pra sair, uma parte da galera pulava pro meio da arena e fazia parte do ritual.
Meus amigos ficaram chateados quando perceberam que eu tinha me decidido pelo Garantindo. De lá pra cá um novo Bumbódromo foi construído, meio que as pressas, e quem foi no primeiro ano lembra que as arquibancadas balançavam, para o ano seguinte foram colocados novas estrutura. Os passos foram mais elaborados, o sistema de som e iluminação um espetáculo a parte.
Entretanto, não posso esquecer o primeiro ano do Bumbódromo novo. O Garantido tinha feito uma façanha no início da década de 80, foi penta-campeão, assim ele cantava pro contrário “Eu já te ganhei e vou te ganhar de novo aqui no bumbódromo novo”... definitivamente era muito bom.
A festa começava no Rodley de Manaus. Durante muitos anos fui de barco. Depois passei a ir de avião que é prático e rápido. Mas, jamais vou esquecer das minhas viagens de Barco pra Parintins. Do primeiro Djar Vieira aos barcos velozes para a época como o Aliança e o A Jato, era um verdadeiro frenesi.
Em meio a tanta emoção não poderia deixar de lembrar da minha tia Dulce Libório Cunha e tio Cunha que nos recebiam em sua casa com carinho e emoção. Um fato curioso pra socializar: houve um ano em que 33 pessoas se hospedaram na casa deles, e não perguntem quem eram. Meus tios faleceram e não descobriram quem eram, inclusive eu, a única certeza: malucos brincantes de bois. Meus tios deixaram saudades e seus filhos Aroldo, Elisangela e Cintia Cunha para nos recepcionar na Ilha. Obrigada tios por morarem por lá e nós levarem a conhecer a festa.
Este ano não fui, mas junto com minhas irmãs organizamos, com o objetivo de assistir o Festival, uma festa junina, onde cada convidado trazia a bebida e o prato que gostaria de saborear durante a transmissão. Solicitei que viessem com camisa ou cor do seu Boi e, assistimos de longe, pela TV, a festa. Que bom que a transmissão da Band se superou. Deixei os contrários deliciando-se falando do meu Boi, lembrando que como anfitriã não poderia contestar. Então se aproveitaram da situação. Mas, deixei claro que poderá haver outra oportunidade onde eu vou ser a convidada, aí eles que preparem seus ouvidos.
Na minha casa eu, Kátia, Keila e Fernandinha, minha sobrinha, somos Garantido. Meus outros irmãos Ana, Kardec e Kleber, também são. Pela formação comunista, minha cunhada Noemi, também compartilha do mesmo gosto pelo Boi Garantido, minha cunhada Joice não se manifesta e Holace é declaradamente azul.
Que me perdoem os amigos contrários que estiveram em casa:Marcelo-Mayre Nery, Drica Benarroz, Bibi Guimarães, Adrian, Fabi, Valdo. Mas, quando o Garantido, através do David Assayag entoou EU SOU DA BAIXA, SOU PERRECHÉ, senti que seríamos Campeão.
Valeu galera do Garantido e todos que se empenharam para de baixo d’água conquistar este título. Valeu a todos do Garantidos que vieram pra casa torcer positivamente pela vitória. Sinto pela triste declaração do Presidente do Contrário, que denegriu a imagem do Festival Folclórico de Parintins.
A festa da vitória começou cedo em casa, quando fechou a primeira noite com o Garantido à frente. Inicialmente eu, Kátia e Aroldo Cunha, o ex Dj do Baile dos Visitantes. Em seguida chegou Kleber-Noemi, Kardec, Keila e Cades. Toada de boi, tira-gosto e muitas lembranças dos festivais passados fizeram parte da festa.
A festa da vitória começou cedo em casa, quando fechou a primeira noite com o Garantido à frente. Inicialmente eu, Kátia e Aroldo Cunha, o ex Dj do Baile dos Visitantes. Em seguida chegou Kleber-Noemi, Kardec, Keila e Cades. Toada de boi, tira-gosto e muitas lembranças dos festivais passados fizeram parte da festa.
Ano que vem, estarei em Parintins para assistir a festa de perto. Pois mesmo organizados, todos que estavam na festa junina em casa declararam não ser a mesma coisa. É lá, no meio da Floresta que a festa dos Bumbás faz a diferença. O clima, o sol, o som, a pulsação de Parintins é contagiante
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