terça-feira, 30 de junho de 2009

FAMÍLIA LIBÓRIO EM FESTA


No sábado e domigo a família Libório festejava os 60 anos de casamento de Ladislau-Celestina Libório. Foi muito bom fazer parte dessa festa e conversar com o casal que está extremamente lúcido. Tio Ladi e Tia Laci, como carinhosamente são conhecidos contaram-me um pouco da suas histórias, hoje os dois têm 84 e 85 anos respectivamente.

Tia Laci falou que conheceu o tio quando tinha 11 anos na escola em Urucará, ela da comunidade do Paurá. Começaram a namorar quando ela tinha 15 anos, nas festas do Divino Espirito Santo e Sant`Ana, depois ela veio para Manaus estudar e aos 24 anos casou-se. O que mais a encantou, no tio foi a sua família que era muito tradicional. Na frente de todos os seus filhos, netos, irmãs, sobrinhos e convidados falou da importância da Vovó Camila, sua sogra, na sua vida, uma vez que ela sempre foi tratada como filha.

Tio Ladi é o terceiro filho da família mais antiga de Urucará. Os Libórios que são oriundos da região da Libória na Espanha, vieram para o Brasil, e um deles foi morar em Urucará casando-se com a filha de Crispim Lobo de Macêdo, em 1814, até então Urucará era apenas um sito agrícola da família, com casa de escravos e uma capela. Cada filha ou filho que casava construía-se uma nova casa, logo o sítio transformou-se num povoado administrado por Crispim Lobo. Cansado resolveu passar a administração para seu genro Manoel José Libório esposo de Antonia Libório de Macêdo. Trabalhou muito pelo povoado e como carpinteiro resolveu construir uma nova Capela para N.Sra. Sant’Ana

Seu filho passou a administrar o povoado, Manoel Olimpio Libório que em conjunto com o Cunhado Deputado Estadual, Benedito Antônio Alves Pinto, fez um projeto criando a Freguesia de Nossa Senhora Sant’Ana da Capela. Mas sete anos depois para homenagear Crispim Lobo, seu avô, mudaram o nome para Nossa Senhora Sant’Ana de Urucará, sendo elevada a categoria de Vila. Depois quando a Vila foi elevada à categoria de Comarca passou a se chamar Urucará- Uru o cesto, Cara a batata. Produto que os índios Caboquenas ofereceram ao visitante Crispim Lobo quando chegou a região.

Durante muito tempo os libório foram responsáveis pela construção da cidade. Meu avô Arthur Libório, que tive a oportunidade de conhecer, foi responsável pela delegacia de Urucará e a Vovó Camila Libório pelo telegráfo/Correio. Num tempo que era comum não espalhar o sangue da família os dois primos casaram-se. Vale ressaltar que na verdade eles foram meus bisavós. Meu avô Rodolfo Libório era o segundo Filho, o mais velho Eustáchio Libório, foi Tabelião. Na época em que ele foi designado a ser o tabelião, Tio Ladi e ele vieram remando para Itacotira pegar o ofício da nomeação. Saíram de Urucará ás 5h da manhã, remaram o dia todo até a entrada do Paraná de Urucará com o Rio Amazonas, dormiram por lá mesmo e no dia seguinte remaram novamente até chegar a Itacotiara, aproximadamente às 11h da manhã. Essa persistência da família era hereditária porque o Vovó Arthur já havia remado de Urucará à Manaus para resolver problemas da cidade. E o meu tio Nicolau Libório, que faz 90 anos este ano, tinha uma namorada em Itapiranga, e remava de Urucará à Itapiranga todo final de semana. Meu bisavô, pai da minha avó, Pedro Libório, foi superindente da Cidade e para fugir duma emboscada por briga de poder, veio remando de Urucará a Itacoatiara, retornou de barco, com documentos garantindo a ele a superintendência, policiais e dois deputados estaduais.

Por que eu estou escrevendo sobre isso? Para mostrar a persistência de uma família de luta e de vitoriosos, pois o exemplo de vida de cada tio meu, do meu avó Rodolfo da minha Vó Ana, nos transformaram em pessoas honestas, trabalhadoras e estudiosos. Todos eles pautaram pela formação dos seus filhos. Isso fez o tio Ladi e a família virem para Manaus, há 44 anos atrás.

Atualmente dos irmãos da família Libório estão vivos tio Nicolau, Tio Ladi(Ladislau), Tio Gesy (Gesislau) e tia Teté(Teresa). Tio Eustachio, meu avó Rodolfo e tia Tami(Altamira) não estão mais entre nós. Parte do que relato aqui foi contada pelo tio Ladi e deixada num manuscrito pelo tio Eustachio. Agradeço a D. Euci e D. Lia que me cederam a cópia dos manuscritos para que eu pudesse publicar no futuro. Projeto este, que faz parte da minha vida.

Nas bodas de Diamante do casal estavam os filhos; Arthur, Joaquim, Lau (Ladislau), Licelma, Licelda, Meire (Conceição) e Célia Libório, seus 16 netos e duas bisnetas e ainda pela família Libório os sobrinhos Arthur-Fátima, José Alberto-Neraida, Mário-Claide, Dulcimar e eu Kádia.

Durante a cerimônia seu sobrinho Assis Serrão fez uma justa homenagem, lembrando quando tio Lady trabalhava em seu barco comprando e vendendo para os ribeirinhos do Rio Uatumã, em seguida deu seu discurso para o filho mais velho Arthur Libório. Arthur e Joaquim foram os responsáveis pelo discurso de agradecimento aos convidados palavras como honestidade, perseverança, amor, exemplo, caráter e força de vontade pautaram os discursos dos filhos. Eu só tenho a agradecer em ter feito parte desse momento histórico da família Libório. Parabéns a todos da família.

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