domingo, 21 de fevereiro de 2010

CARNAVAL, CULTURA E HISTÓRIA – PARTE II






















Depois do carnaval da Banda da BICA, ida ao palco, pulseiras de neons, que não acenderam, kkkkkk... etc, etc. Parti pra Pernambuco pra conhecer o carnaval de Olinda e Recife, meu irmão Kleber Lobão e esposa foram ano passado e este ano me convenceram a ir, juntamente com minha irmã, Keila e um casal de amigos, Mazoli e Márcia. Sendo que eu e minha irmã fomos as últimas a partir, os casais foram um dia antes.


Lá em Olinda os casais Renilton-Leide Neiva e Tito Neiva e namorada Mirian foram nossos cicerones. No primeiro dia conhecemos história das ladeiras, monumentos e igrejas de Olinda, Tito é historiador. O mercado de escravos que hoje é de trabalhos artesanais, Mercado da Ribeira, Alto da Sé, Largo do Amparo, Ladeira da Misericórdia, os Quatro Cantos, Prefeitura e outros. Saimos num dos Blocos, um dos mais tradicionais de Olinda , que este ano fez 49 anos, o Bloco do Ceroula, que tem como prática distribuir ao longo do percurso litros e litros da mais pura cachaça nordestina de alambique.


No segundo dia saímos cedo pra tentar pegar os blocos Enquanto Isso na Sala da Justiça e o Patusco. O primeiro não pegamos, mas o segundo sim, aliás ele é que nos pegou... Desde que cheguei os donos da casa, brincantes natos do carnaval olindense, me explicaram que o Bloco do Patusco tinha uma bateria que se ouvia a quilômetros de distância e que se quiséssemos conhecer o ruge-ruge, nome dado ao aperto carnavelesco, aquele era bloco. Então vocês imaginam o que aconteceu, peguei o ruge-ruge, fui atropelada, perdi um lado da minha sandália e uma unha e Kleber teve seu celular roubado. Fomos batizados no carnaval de Olinda.

Quando o Patusco saiu na terça-feira de carnaval vi e dancei de longe, nem pensar em acompanhar o Bloco, é coisa pra maluco. Mas quem quiser tentar, vá, porque a batida de sua batucada e sem igual e cantando o Hino de Olinda, em rítmo de samba, é fantástico!!!!

Depois do ruge-ruge, resolvemos que no dia seguinte iríamos para Porto de Galinha.


Mazoli era o mais ansioso pra conhecer a tradicional e linda praia do litoral brasileiro, pois todos que ligavam pra ele perguntavam se ele já tinha conhecido Porto de Galinhas. O grupo saiu antes das 7h da manhã, em dois carros, com destino a Ipojuca. Mas ninguém conseguiu convencer Renilton e Leide, segundo eles nós podíamos pedir qualquer coisa, menos, ele faltar às ladeiras de Olinda.


Gente!! Valeu apena, Porto de Galinhas é linda. Tem um recife de coral em frente à praia e pode ser visitada atravessando o mar andando, pois pela manhã a maré é baixa e a água transparente. No recife ficam pequenas lagoas com peixinhos e outros animais marinhos.


Em Porto de Galinhas, Tito explicou que na verdade não há galinhas na área, essa era uma expressão usada para burlar a lei que proibia o tráfego de escravos. Então quando os senhores de engenho falavam que no porto haviam chegado galinhas, na verdade eram navios negreiros com escravos clandestinos, de lá eles iam para o Mercado da Ribeira, em Olinda, pra serem comercializados. Portanto, pra quem não sabe a origem do nome, aí está a resposta.


Na terça-feira o grupo estava completo novamente, agora pra assistir o Cortejo de Bonecos, que este ano homenageou o Maestro do Forró. Enquanto esperávamos o cortejo encontramos alguns biqueiros por lá, Celeste e Ró, esta última, pernambucana e esposa do Paulo Mamulengo, o artista que faz os Bonecos Gigantes da BICA. Legal né?!!!


Neste dia um amigo dos nossos cicerones, Binho, nos levou pra almoçar num local muito legal, comida caseira e pratos tradicionais. O nome?? Clínica dos Doidos, o dono, um senhor muito gentil, contou história dos carnavais e trocou telefone com o Kleber Lobão e Noemi. Em seguida fizemos parte da concentração do Celoura, mas não descemos. Tínhamos um foco, ir à noite pra Recife assistir o show da Elba e Alceu Valença e se tivéssemos pique a apoteose do carnaval com Orquestra, Zé Ramalho e Lenine.


Em Recife ficamos encantados com os blocos de vassourinha e frevo que cortavam o centro antigo. No palco principal mais atrações. Sob uma chuva fina assistimos extasiados o show de Elba e Alceu e a receptividade de seus fãs pernambucanos. Quando a Elba cantou musicas do Mangue Bit, a galera deu um show. Não ficamos pra apoteose, mas esse é mais um motivo pra voltarmos ao carnaval pernambucano.


É isso aí, eu, Keila, Kleber, Noemi, Mazoli e Márcia agradecemos a Renilton, Tito e esposas pela maravilhosa recepção e esperamos voltar o mais breve possível à Pernambuco. Esperamos que um dia eles possam, também, conhecer a BICA. Este ano levamos disco e camisa da BICA para eles.


No último minuto do segundo tempo conhecemos Lara, pernambucana, amiga de Noemi, foi filiada ao PT do Amazonas, fez UFAM e hoje mora em Brasília. Uma pessoa bem humorada, articulada politicamente, que sentiu na pele as dores da Ditadura Militar, seu pai e irmão, ainda criança, foram vítimas físicas da opressão militar. Tomamos um suco de cevada no aeroporto e combinamos o próximo carnaval.

É isso aí galera, quem disse que carnaval é só festa, tá muito enganado. Carnaval é festa, cores, mas também história e cultura.


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